É menino ou menina? É só a barriga aparecer que a clássica pergunta se torna inevitável. Às vezes, nem mesmo quando o bebê nasce a resposta é evidente. Se os pais optam, por exemplo, por não furar a orelha das garotinhas, mais difícil ainda de escapar dela.
Crianças com roupas do Ateliê Cui Cui |
“Até hoje me perguntam se a Violeta é menino ou menina, também por conta das roupas que ela usa”, conta Daniela Gimenez, mãe de uma criança de 2 anos, figurinista e dona da marca infantil LegLeg. “Recentemente vi uma senhora perguntando para uma mãe se o filho dela, que era evidentemente um garoto, era menino ou menina. Percebi que a dúvida era porque ele vestia uma legging, que, para aquela senhora, provavelmente, é roupa de menina”, conta.
Quem frequenta as feiras, bazares, e mesmo os perfis de Instagram de novas marcas de vestuário, produtos e serviços infantis já deve ter percebido que elas querem deixar para trás essa história de roupas de menina e menino.
Embora ainda seja um movimento que engatinha, estão começando a pipocar no mercado marcas de moda infantil que têm como proposta a não distinção de gênero. A LegLeg, de Daniela, é uma delas. Em agosto do ano passado, lançou a primeira coleção da leggings unissex para crianças de 0 a 6 anos. “O que me motivou foi a dificuldade que eu tinha de encontrar roupas que eu gostasse para a minha filha. Tudo o que eu via nas lojas tinha muito frufru, lacinho, ou era cor em tom pastel”, lembra.
O excesso de frufrus nas peças destinadas às meninas também incomodava Fabiana Tarantino Zurita em suas andanças atrás de coisas para a filha, de 3 anos. “Na minha opinião, a moda para criança deveria ser unissex. Não me identifico com aquela pegada miniadultinho, que é o que muitas marcas grandes fazem”, afirma ela, dona da loja on-line Ateliê Cui Cui.
Cantarola: Meias coloridas e sem distinção de gênero para crianças. |
“Nossa proposta é também desenvolver a autoconfiança e a liberdade de escolha das crianças desde a primeira infância. É fazer com que elas mesmas possam escolher com que peça e desenhos mais se identificam, misturar estampas, de acordo com seu gosto, que é um gosto puro”, explica ela, autora dos desenhos que estampam as peças.
A Nó é mais uma recém-nascida nesse ninho virtual. Lançada na rede há 3 meses, é uma marca familiar comandada pela avó Corina, a mãe Larissa Naracci e a tia Joana, que já trabalhavam com o universo da moda antes de gestarem a ideia da marca, que veio com a gravidez de Larissa. As roupas, além de prezarem pelo conforto, têm estampas neutras, sem motivos necessariamente infantis, uma das características da grife.
Este, aliás, é um cuidado que Maria Pessoa, dona da marca de enxovais infantis Pessoinha, também tem: o de não estereotipar as peças com estampas ou cores consideradas infantis. “Acho que é uma forma de não subestimar a capacidade de compreensão dos bebês e também de estimular o repertório deles”, explica.
Os temas de suas coleções navegam pelo universo cultural brasileiro. “Fizemos a coleção Rio de Janeiro, a Iemanjá, a ‘Olha pro Céu’, inspirada nas festas juninas, e as de carroceria de caminhão”, conta.
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