A Evolução do BDSM

“Sticks and stones may break my bones – But chains and whips excite me”, trecho famoso da música S&M da artista Rihanna de 2010. 

A música foi considerada muito provocativa. O videoclipe foi banido do YouTube e não pôde ser transmitido em onze países. 

No entanto, alcançou a segunda posição na Billboard’s Hot 100 e ficou no topo em dez outros países. 

Os críticos conservadores podem ter achado a música muito sexual e explícita, mas para o público a percepção foi diferente. 
Imagem do clipe de S&M

Apenas um ano depois, E.L. James lançou seu romance 50 Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey). Já vendeu mais de 125 milhões de cópias em todo o mundo. 

Em apenas um ano, o público já não considerava mais o BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão) muito provocativo. Na verdade, há muitas donas de casa que gostam da prática de dominação e submissão, ou pelo menos fantasiam com isso.

O BDSM se tornou mais popular graças à indústria da música, séries de livros e produções cinematográficas. 

No entanto, BDSM é algo que existe há anos, séculos até. Por isso é interessante mergulhar mais fundo na sua origem e como ele se tornou popular.
No filme baseado no romance a personagem Anastasia é dominada pelo galã Christian Grey

A origem do BDSM

Que as quatro letras significam Bondage, Dominação, Disciplina e Sadismo/Masoquismo você provavelmente já sabe. No entanto, a origem das palavras ‘sadismo’ e ‘masoquismo’ são bem menos conhecidas. 

Sua formação é bastante literal e vem do criador francês Marquês de Sade, que deu seu nome à palavra “sadismo”. 

Ele escreveu o romance “Justine” ou “The Misfortunes of Virtue” em 1791, onde conta a  história de uma jovem virtuosa chamada Justine que acaba em vários eventos infelizes em que é estuprada, submetida a orgias e outros atos sexuais violentos. 

Ela acaba no tribunal, onde é humilhada pela multidão. A história era tão explícita e violenta, que De Sade foi preso na Bastilha por Napoleão.
Capa do Ebook Lebooks Editora

Já o termo “masoquismo” nasce do escritor austríaco Leopold Ritter von Sacher-Masoch, que escreveu Venus in Furs (A Vênus das Peles) em 1870. 

É a história de um homem, Severin, que está tão apaixonado por uma mulher que pede para se tornar seu escravo. Severin Von Kusiemski é um álter-ego de Masoch e a história do livro é baseada no seu relacionamento (de Masoch) com Fany de Pistor.

O romance é narrado em primeira pessoa por Severin von Kusiemski, protagonista que se faz escravizar por Wanda von Dunajew a quem idolatra. A paixão de Severin somente pode se concretizar à partir do sofrimento físico e moral e ele se submete inclusive a um contrato em que renuncia a todos os seus direitos de liberdade.

Como parte do jogo de submissão, a idealização da superioridade do parceiro dominador irá considerar inclusive a atribuição a este de características de poder sobre-humanas. Este fato explica a prática comum da utilização de objetos ou mesmo próteses na relação masoquista.

O simbolismo das peles na relação de Severin e Wanda é mais um componente fetichista explorado por Sacher-Masoch, assim como os chicotes.
Capa da Editora Createspace Independent Publishing Platform

BDSM na moda

Demorou muito para que o BDSM se tornasse mais conhecido na cultura popular. O verdadeiro início do reconhecimento da subcultura pode ser encontrado na moda. Essas primeiras características da moda BDSM estão relacionadas à cultura punk do final dos anos 1970. 

Parte da estética punk são alfinetes de segurança, meia arrastão, correntes e, claro, látex e couro. Essa estética ainda está conectada aos estilos BDSM de hoje. Isso não significa que o estilo, nem a subcultura, eram predominantes. 

O punk era uma forma de anti-movimento. A subcultura não queria seguir as massas. A primeira colisão entre o estilo BDSM e a cultura popular foi provavelmente Jean Paul Guiltier, que fez espartilhos que invadiram as passarelas na década de 1980. 

Sua ideia não era algo novo. Ele foi apenas o primeiro a torná-la popular. Mas ele não fez isso sozinho. Ele teve a ajuda de Madonna, que usaria o espartilho no palco. Ela ainda sexualizou o espartilho e seu próprio estilo na década de 1990, quando seu álbum “Erotica” e o livro “Sex” foram lançados. 

Versace entrou na moda da escravidão ao mesmo tempo e criou uma coleção chamada Miss S&M.
Madonna em apresentação com um dos icônicos espartilhos de Jean Paul Guiltier

E agora, trinta anos depois, o estilo que melhor se descreve como bondage chic é novamente encontrado no cenário da moda de hoje. 

A maioria das pessoas se lembrará do vestido de látex de Kim Kardashian. Cada marca de calçados que se preze tem sua própria versão das botas de cano alto. E até Madonna voltou no tempo. Ela está usando um espartilho Gaultier mais uma vez. Desta vez, é feito de alças pretas.

Para os fetichistas de BDSM, couro preto, espartilhos com tiras e látex nunca saíram de moda. Os itens vêm em várias cores e estilos mas os pretos ainda são os mais usados e vendido.
Madonna com espartilho Gaultier repaginado

BDSM no mainstream


Podemos ver que não foi antes da última década que o BDSM se tornou mais popular. Ser visível na cultura popular finalmente fez com que o BDSM fosse mais aceito do que antes.

Tememos o desconhecido, é provavelmente por isso que as expressões sadomasoquistas foram mantidas no porão, literal e figurativamente.

Não importa qual seja a sua opinião, o resultado ainda é que a venda de cordas, algemas e tudo mais aumentou. 

E como acontece com qualquer forma de sexo, é tudo sobre o que você e a pessoa parceira querem e se há consentimento mútuo. Não importa se isso significa que você deseja experimentar uma algema fofa ou ser açoitado com chicotes pesados.

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Há mais de 8 anos trabalhando com produtos sensuais, consultoria, saúde e bem-estar, acabei notando que queriam ir além da venda de produtos. Nessa jornada descobri que o mundo precisava ouvir mais sobre saúde e sexualidade, nessa sede de aprender e ensinar, encontrei o Tantra que me ajuda muito no dia a dia para melhorar meus relacionamentos. Já são mais de 10 turmas presenciais e várias vidas impactadas. Acredito que é necessário facilitar as conexões para que as pessoas encontrem seus próprios caminhos de libertação sexual através de diálogos saudáveis. A partir disso, promovo a melhoria da saúde e do bem-estar na sociedade.
Dhayanne Andrade

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