para satisfazer essas e outras curiosidades das pessoas sobre essas produções, Heloísa Noronha e Lilian Rossetti
Do UOL Comportamento, conversaram com alguns profissionais do mercado pornô.
Como é a seleção para as mulheres?
A avaliação leva muito em conta o conteúdo da mensagem enviada pela candidata, segundo Clayton Nunes, proprietário da produtora de filmes adultos Brasileirinhas, uma das mais famosas do Brasil. São descartadas de imediato aquelas que mencionam que querem ingressar no ramo só para pagar dívidas ou para ganhar dinheiro. A garota precisa, antes de tudo, ter 18 anos completos, gostar muito de fazer sexo, ser bastante exibicionista e desejar a fama.
A segunda etapa é presencial e as garotas precisam responder a um questionário com cerca de 15 perguntas, entre as quais se prestam serviços de acompanhante, se a família está ciente do objetivo profissional e a apoia, se está ciente de que mesmo que parentes e amigos não saibam de nada há o risco de descobrirem, se têm algum tipo de cicatriz no corpo e se usam algum tipo de medicamento, entre outros temas.
“Ter filhos não chega a ser restritivo, mas costumo conversar bastante com a candidata para que ela possa ponderar sobre o assunto. Muitas mães acabam se esquecendo de que os filhos pequenos crescem e passam a ter acesso aos conteúdos”, fala Nunes.
Como é a seleção para os homens?
“A renovação do casting masculino é difícil e os que atuam para nós são verdadeiros achados. Quando a luz quente é acesa e o homem vê a câmera muito próxima, tudo muda de figura. Já no teste, que consiste em realizar uma cena diante da equipe, 90% dos candidatos se intimida e não consegue de jeito nenhum fazer a sequência”, afirma o empresário, que diz ainda que diferenciais como ter uma ejaculação potente e ser bem dotado contam pontos.
A faixa etária vai de 30 a 42 anos e todos, sem exceção, tomam medicamentos para potencializar a ereção antes de dar início aos trabalhos. Os atores mais famosos são Loupan (que também trabalha como músico), Ed Júnior (conhecido no mercado como o mais bem dotado e que, segundo Nunes, não funciona quando precisa usar preservativos nas cenas), Tony Tigrão e Alex Ferraz.
Qual a preferência dos espectadores?
“Por isso, filme pornô que se preza precisa explorar bem o bumbum das atrizes”, afirma o cineasta. “É de longe a especialidade mais apreciada pelo público. A mulher pode ser linda, mas, se não fizer anal, o filme dela deixa de ser tão acessado”, declara Clayton Nunes. Gostar da prática, portanto, também é um dos requisitos básicos (e até uma espécie de “nota de corte”) para se dar bem nessa carreira.
“As cenas não têm truque, não, nem uso de Photoshop (software de edição de imagens). Não uso nenhum tipo especial de produto para as gravações de sexo anal. Só os géis comuns para lubrificação, mesmo”, fala Mica Andrade, 29, performer adulta, garota de programa e primeira atriz pornô plus size do Brasil.
Com cerca de 300 filmes no currículo, a estrela pornô e garota de programa Patricia Kimberly, 31, costuma fazer uma pequena preparação para as cenas de sexo anal. “O ator com quem vou contracenar coloca e tira o pênis durante alguns minutos, antes da gravação, para que, na hora da filmagem, nós dois fiquemos mais relaxados”, conta ela. O uso de duchas higiênicas também costuma ser praxe entre algumas atrizes.
Qual é o padrão de beleza?
Boa aparência é importante, claro, afinal, o pornô vive da estética. Apesar de ser um universo que visa atender às mais variadas fantasias, há uma espécie de padrão entre os artistas: as mulheres, em geral, têm cabelos e unhas compridas, seios fartos e bumbum avantajado, enquanto os homens fazem mais o tipo musculoso do que franzino e têm pênis grande.
No entanto, a beleza não é algo 100% imprescindível nem fator determinante para escalar alguém para um elenco. “O que importa é o desempenho na gravação das cenas. Já recrutamos garotas lindíssimas que decepcionaram. Aqui, boa performance é sinônimo de não ter nenhum tipo de restrição em relação ao sexo”, fala Nunes.
O proprietário da Brasileirinhas diz que, na primeira cena de teste, é possível ver se há ou não potencial para o cinema adulto. “É preciso chegar e detonar, pois nesse segmento não dá para ir aprendendo a fazer. Em geral, ou ela é boa ou não. Sem meio termo. O mesmo vale para os atores.”
O público quer interagir.
Com a derrocada crescente das videolocadoras e o maior interesse por canais de conteúdo erótico na TV e, principalmente, na internet, foi natural que acontecesse uma vontade cada vez mais intensa de o público interagir com os artistas. Não é à toa que, segundo Clayton Nunes, o site www.brasileirinhas.com.br tem cinco milhões de acessos por mês (sendo 80% deles feitos por homens), o que levou à exibição para assinantes (cerca de dez mil, atualmente), em tempo real, dos bastidores das filmagens feitas nos ambientes da mansão A Casa das Brasileirinhas, que fica em São Paulo.
Nos Estados Unidos, principal mercado da indústria pornô, o cachê varia conforme o tipo de cena: sexo anal e dupla penetração, por exemplo, são práticas com melhor remuneração. Por aqui, os artistas recebem por produção. A média de salário para 95% delas é de R$ 3.000 por filme. As mais famosas chegam a ganhar R$ 4 mil, mas o cachê não é maior em caso de cenas diferentes.
E, contrariando o que ocorre, em geral, em outros segmentos, no mercado de filmes pornôs, os homens costumam ganhar menos. Aliás, bem menos: cerca de R$ 500 por filme. O tempo de trabalho é relativo: Marco Cidade, por exemplo, filma em um único dia, enquanto as produções da Brasileirinhas podem levar até cinco.
Mas, por maior que seja o volume de trabalho, a realidade brasileira é bem diferente da norte-americana. Na terra do Tio Sam, não são poucos os astros e estrelas que conseguem fazer fortuna com pornografia. É o caso de Sasha Grey, que iniciou a carreira aos 18 anos e, aos 25, já estava aposentada.
O que faz mais sucesso?
Segundo Marcela Leone, coordenadora de programação da Playboy do Brasil (marca detentora dos canais de conteúdo adulto Sexy Hot, Playboy TV, Private, Venus, Sextreme e For Man), duas categorias totalmente diferentes vêm fazendo sucesso: as produções estreladas por ninfetas (ou atrizes que tenham cara de novinha) e as com mulheres mais velhas, grupo no qual se destacam as chamadas “Milfs” (“Mother I’d Like to Fuck” ou “mães que eu gostaria de pegar”, em uma tradução do inglês com um toque de classe).
“Os cenários de castelos europeus de algumas produções internacionais não atraem, pois estão longe da realidade dos assinantes”, fala. A sofisticação de alguns filmes gringos também não tem muitos fãs. “As mulheres, sobretudo, preferem cenas mais naturais, mais próximas da realidade. Por isso, os filmes e vídeos amadores fazem tanto sucesso nos canais com programação adulta”, afirma Marcela, que endossa a opinião dos produtores e diz que a performance anal é preferência em todas as plataformas da marca Playboy TV. O título também é outro importante chamariz para atrair o assinante.
Aqui não tem bagunça!
Além do diretor, costumam ficar no set somente o cinegrafista, fotógrafo (para registrar as imagens de divulgação) e o maquiador. Há, sim, alguns truques, como cortes na edição para fazer de conta que o homem está ejaculando litros no rosto da parceira (aliás, outra predileção entre o público masculino) e o cinegrafista procura captar ângulos que disfarcem imperfeições, como celulite e estrias.
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